quinta-feira, 29 de setembro de 2011 0 comentários

O jantar

– Amor, cheguei! Cadê você? Sereia, cadê ela?
– Estou aqui na cozinha, amor!
– Escuta aqui sua gata-macaca! Essa pasta tá com o texto da peça, se você…
– Está ameaçando a gata de novo?
– Não!
– Não mente pra mim!
– Só chamei ela de gata-macaca.
– Pelo menos parou com a ameaçar ela.
– O que está fazendo aí?
– Surpresa!
– Sério? Nossa! A mesa de jantar arrumada e com jantar sobre ela!
– Pois é!
– Você que fez?
– Sim! Preparei um filé com legumes e arroz branco.
– Uau! Você se superou!
– Fiz tudo com muito carinho e dedicação!
– Ah, que linda ter todo esse trabalho… Espera aí! O que você quer?
– Como disse?
– Isso mesmo que ouviu! O que você quer em troca?
– Por que você sempre desconfia das minhas boas vontades?
– Porque todas me custam caro.
– Bobagem! Saiba que fiz tudo com muito carinho e apenas para te agradar um pouco.
– Sei.
– Você é sempre tão boa pra mim que quis agradecer.
– Agora você está me assustando!
– E você me ofendendo!
– Mas amor, da última vez que você cozinhou tive que ajudar a corrigir 7 apostilas inteiras!
– Essa não foi a última vez, tá?
– Ah, é verdade! A última foi a vez que fez aquele macarrão com queijo para eu ir contigo naquela palestra sobre meditação!
– Saiba que tive muito trabalho em te convencer neste dia.
– E você esperava o quê? Eram três horas vendo um cara mandar a gente respirar…
– Foi muito difícil! Só consegui te convencer por causa da sobremesa!
– Minha mãe não deveria ter te passado a receita do pavê de amendoim dela.
– E nem falado que era o seu favorito.
– É.
– Acontece que está enganada a meu respeito. Fiz isso na maior inocência!
– Desculpe, mas é difícil acreditar.
– Fala como se eu nunca tivesse cozinhado antes sem motivos.
– Ah é? Cozinhar como? Usando o telefone e o serviço de entrega?
– Ha-ha!
– Vai negar? Você usa tanto os serviços de entrega que os lugares nem pedem mais seu endereço.
– Qual o problema de fazer amizade com as pessoas?
– A dona daquela pizzaria do calçadão telefona nos seus aniversários!
– Sou simpática, qual o problema?
– E quando o dono do restaurante japonês sentou em nossa mesa pra contar os planos da reforma?
– Ele é um amigo meu, amor.
– Tudo bem. Supondo que estou errada sobre o jantar, o que você vai comer?
– Por que a pergunta?
– Por causa do filé. Você é vegetariana, não?
– Ah, eu vou comer os legumes oras!
– Ah, sim…
– Odeio seu tom! Tá vendo como você não confia em mim?
– Só estou comentando…
– E eu aqui me matando para te agradar! Até a Sereia me ajudou porque queria que você tivesse uma surpresa!
– Ajudou como? Não entrando na panela?
– Não, mas ficou comportadinha lá na sala o tempo todo para eu ter atenção total no preparo.
– Ah, que fofinha! Se continuar assim, não vou mais te jogar na praia!
– Pare de assustar a coitada!
– Ela é um gato não entende o que falamos.
– Claro que entende!
– Engraçado, quando grito “Pare!” ou “Não sobe aí!” ou “Sai daqui!” ela nunca entende.
– Além de ser mal-agradecida comigo, está sendo malvada com ela!
– Ah, começou!
– Não comecei nada! Estou tentando fazer uma surpresa para você ficar feliz e tenho que ouvir isso!
– Amor…
– Não precisa falar nada! No fundo, eu já sabia que seria assim. Acho que tentei me enganar, que seria diferente…
– Está fazendo eu me sentir mal assim.
– Então entende o que estou sentindo agora.
– Desculpe duvidar de sua boa vontade! O que posso fazer para me redimir?
– Posso pedir qualquer coisa?
– Qualquer coisa!
– Bom, minha mãe ligou e vai vir aqui amanhã. Pode buscá-la na rodoviária?
– O QUÊ? SUA MÃE AQUI?
– Quem falou que eu podia pedir qualquer coisa?
– Não é justo! Você já tinha tudo planejado!
– Está me acusando de novo?
– Estou!
– …
– Preparou tudo isso para eu aceitar que sua mãe viria! O jantar, a briga, tudo!
– Está me acusando injustamente de novo!
– Mas amor…Tudo indica que foi isso, a culpa não é minha! Está fazendo charme de novo para não assumir que estou certa?
– Que absurdo! Era só o que faltava! Sereia? Venha! Vamos molhar as plantas!
– Vai levar a Sereia lá pra baixo essa hora?
– Pra você ver o quanto estou brava com você!
– Isso não é justo!
– Aproveite seu jantar sozinha e não esquece a sobremesa tá na geladeira!
– Sobremesa? Que sobremesa?
– Pavê de amendoim.

terça-feira, 27 de setembro de 2011 0 comentários

Quanto tempo tenho?

Olhou o despertador barato sobre o criado mudo improvisado enquanto passava as mãos nos cabelos, nervoso.
A luta contra o tempo era constante.
Às vezes a vontade era a de chacoalhar a maldita ampulheta do tempo, para que as areias corressem mais depressa. Às vezes, nos poucos momentos parecidos com aquele, tentava segurar a mesma areia com as mãos, mas os segundos lhe escorriam pelos dedos, tal qual a areia das praias de Santos, visitadas uma ou duas vezes quando a mãe ainda era viva, ele apenas uma criança e a vida um livro de colorir.
Ela chegou quinze minutos depois da hora combinada.
E o quartinho do homem cujo silêncio foi comprado pareceu quase tão pequeno quanto o corpo dela própria para tanta ira. Jogou-lhe as cartas, as malditas cartas, no rosto.
Foram ao chão. Ele não as pegou.
Ela nunca entenderia o porquê das respostas para todas aquelas outras mulheres. Ela nunca entenderia a necessidade dele de se sentir amado. Ela nunca entenderia que todo o amor do coração calejado tinha uma única dona. Ela.
Brigaram por mais quinze minutos. Ela brigou só, na verdade.
Eles precisariam de mais tempo... Mas ele não se importava nenhum pouco em dispor de mais alguns pacotes de cigarro, a moeda corrente naquele submundo a que ele tinha sido enviado.
E lá se foram mais cinco minutos... Mais cinco preciosos minutos.
Cansado de esperar ele resolveu aquilo da única maneira que sabia: com o corpo.
Bater nela era inconcebível.
Sua princesa, sua rainha, sua estrela, sua menina.
Mas segurar não era bater, era?
Levou pouco menos de um minuto inteiro antes que ela parasse de se debater nos braços fortes, marcados pro resto da vida com tinta de caneta.
Levou pouco menos de vinte minutos para o dono do quarto voltar a aparecer. Não quis negociar outra hora, teve medo, mas dispensou as algemas na hora de levar o companheiro marginal de volta para casa.
Ele saiu olhando sobre o ombro. Olhando sobre o mesmo ombro em que se pendurava a camiseta branca-encardida.
Ela sustentou os olhos castanhos até que ele os desviou... Então se focou no único motivo que a fazia voltar para aquele inferno duas vezes por mês, as inscrições que ele tinha um palmo abaixo da nuca, também em tinta de caneta.


Perdoa, meu amor, esse nobre vagabundo.
domingo, 25 de setembro de 2011 0 comentários

Manu

Fica quietinha, minha linda, não te quero acordar.
Eu poderia te levar pro mundo dos meus sonhos. Mas no mundo dos meus sonhos eu não mando, meu amor. No mundo dos meus sonhos eu nunca estou a salvo.
Eu não quero te levar para onde eu não possa cuidar de você.
Minha menina... Dorme serena, quietinha, aqui, no mundo consciente, onde só os loucos podem ver os sonhos em carne e osso, assim como eu posso ver você.
Minha loucura, minha insanidade, meus devaneios não vão te machucar. Eu nunca te machucaria.
Os meus sonhos vão.
Lá, naquela terra distante que eu costumo demorar horas inteiras e milhares de quilômetros rodados entre os meus lençóis brancos, moram os meus monstros. Moram meus medos. Moram outras iguais a mim, outras “eu” cujo poder de controlar eu já não possuo mais.
Então fica assim, aqui comigo. Dorme quietinha que eu velo por seu sono.
Eu tenho certeza que eu quase posso te tocar... Mas não vou. Eu não vou tocar você.
Te acordaria... E eu não te quero acordada. Te quero tranquila... Num mundo que eu posso proteger. Protejo você e o mundo dos seus sonhos, já que eu não posso te levar pro meu.
Não estou aí contigo... Eu sei que não... Mas você está aqui comigo. Você está no mundo dos meus sonhos conscientemente sonhados. E se você está aqui, está tudo bem.
Não sei que horas são. Não sei há quanto tempo estamos assim: você dormindo e eu encolhida contra a parede, só pra te ver dormir.
Mas eu não me importo.
Nada mais me importa... As coisas não fazem muito sentido também. Nada parece valer a pena a não ser essa luta silenciosa que eu travo através de suspiros usados como armas contra um ou outro dragão mais atrevido que insiste em se enfiar no mar alourado formado por seus cabelos.
Dorme, princesa. Minha loucura não vai te machucar.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011 0 comentários

Pizza

Anoitecendo…
– Amor, vou ligar e pedir uma pizza, que tal?
– Ótima ideia!
– Que sabor pedimos?
– Qualquer um, amor.
– Tá, vou pedir meia frango catupiry e meia lombo canadense.
– Ah, não!
– O quê?
– Lombo canadense?
– Você disse que podia ser qualquer uma.
– Mas não gosto disso.
– Então peço o quê?
– Qualquer uma que não seja lombo.
– Tá, então vou pegar meia frango catupiry e meia champignon.
– Se você gosta…
– Você não gosta?
– Ah, não sei. Essa de champignon vem com creme de leite e fica estranho.
– Posso pedir pra tirar o creme de leite.
– Mas aí não vai ser a pizza que você quer.
– Melhor que você não comer, oras.
– Já disse que como qualquer coisa.
– Menos lombo canadense e creme de leite?
– Ficam estranhos na pizza, só isso.
– Então que tal meia brócolis?
– Eu gosto de brócolis.
– Ótimo!
– Só que…
– O quê?
– Não gosto de catupiry.
– Mas as duas têm catupiry.
– Você sabe que não gosto, amor. Não me olha assim!
– Então eu peço pra tirar o catupiry.
– E se pedir alguma pizza que não tem catupiry?
– Acho que todas têm.
– Ah, amor, pede qualquer uma aí.
– Pra você não comer depois e me obrigar a dividir com a cachorra da vizinha?
– Não se preocupe com isso.
– Então que tal pedir meia brócolis e meia quatro queijos?
– To enjoada de só comer queijo.
– Ah, que caramba!
– O que foi?
– Do que você gosta afinal?
– Já disse que gosto de qualquer coisa.
– Qualquer coisa menos um milhão de coisa, né?
– Só não quero lombo, creme e catupiry.
– Então que tal essa brasileira? Vem queijo, tomate e pimenta.
– Sem catupiry?
– Eu peço sem.
– Parece boa.
– Ótimo.
– Só que…
– O quê?
– Pede outra metade diferente. Assim não enjoamos de um sabor só.
– Então que tal meia bacon?
– Nem pensar!
– Qual o problema?
– Eu sou vegetariana...
– Você comeu aquela pizza aquele dia é só tirar o bacon.
– Mas eu não senti o cheiro. É coisa psicológica.
– Tá, então que tal meia alface?
– Só porque eu sou vegetariana a gente não precisa comer brócolis e alface.
– Não é vegetariana, vem bacon.
– Sério? Melhor assim.
– Então vai ser isso.
– Sim.
– Meia brasileira e meia alface…
– E se pedir pizza doce?
– Meia salgada e meia doce?
– Não, uma pizza salgada e uma doce.
– Que exagero!
– Mas eu gosto de pizza doce.
– Tá bom! Qual você quer?
– Qualquer uma.
– Qualquer uma não! Dessa vez você vai decidir!
– Nossa, que estressada.
– É lógico! Você complica uma coisa simples como pedir pizza e espera o que?
– Você vive fazendo isso!
– Quer discutir?
– Não! Vou escolher uma metade e você a outra.
– Tá.
– Quero meia brigadeiro.
– E eu, meia banana.
– Credo!
– Qual o problema?
– Pizza de banana é horrível!
– Eu gosto.
– Então tá bom. Só que você vai comer essa sozinha!
– Então escolhe!
– Eu só não gosto de banana.
– Que tal abacaxi?
– Não!
– Confete?
– Não!
– Mas confete é chocolate com confete.
– Eu sei.
– VOCÊ PEDIU UMA DE CHOCOLATE COM GRANULADO!
– É diferente, tá?
– Diferente? Qual o problema com os confetes?
– Eu não gosto!
– Então vou pedir uma inteira de brigadeiro.
– Pode ser.
– Não acha que vai enjoar de um sabor só?
– Isso é bobeira, amor.
– Ah, meu Deus do céu! Por que eu te falei que ia pedir pizza?
– Se continuar com esse estresse, não vai precisar pedir para mim! Na verdade, nem estou com fome.
– Eu não acredito! Você me faz perder esse tempo todo para te agradar e agora diz isso?
– Não precisa bancar a egoísta.
– EGOÍSTA?! Ah, vou dar uma volta de bicicleta! Você me estressa muito!
1 hora depois…
– Amor, ainda está brava?
– Não, amor. Desculpa ter gritado com você.
– Desculpe ter te estressado.
– Está com fome agora?
– Pra ser sincera, estou. Que tal fazer o pedido?
– É o que vou fazer. Pelo menos conseguimos decidir, né?
– É verdade.
– Quem diria que você ficaria enrolada com um pedido…
– Pra você ver.
– Só pra confirmar, era meia alface e meia brasileira e uma de brigadeiro?
– Sim.
– Vou ligar.
– Só que…
– Fala logo!!!
– Acho que prefiro uma batata recheada.

domingo, 18 de setembro de 2011 1 comentários

20 e poucos sonhos

Era apenas uma menina...
Andava pelas ruas meio de cabeça baixa, tinha um sorriso angelical apaixonante emoldurado por mechas pretas de cabelos lisos, e uma delicadeza em cada gesto que  escondia uma maldade opcional dentro de si.

Era apenas uma menina com seus 20 e poucos anos.

Quando a li pela primeira vez era como se eu caminhasse lado a lado com uma esfinge. Tanto mistério naquelas palavras que não consegui sair do labirinto que era a sua cabeça. Me instigava cada vez mais aquela passarinha engaiolada .
Como podia ser tão livre e santa? Aonde ela guardava seus pecados?

Era apenas uma menina com seus 20 e poucos passos.

Entrei pela porta da frente, completamente aberta pra mim. Invadi alguns segredos íntimos com a delicadeza de convidada, e fui deixando meus rastros pra ela me achar sempre que quisesse proteção. Deu certo.

Aos poucos conhecemos  nosso  lado humano . Bati palmas pro seu  passado e com um nó na garganta abracei sua fragilidade. Abri sua caixa de defeitos tão bem escondida que nem ela sabia que ainda tinha. Tão linda e pecadora que sua ingenuidade a tornava pura.

Era apenas uma menina com seus 20 e poucos sonhos.

Um deles bateu à minha porta numa noite ao lado dela. Me surpreendi com  tanto medo  acumulado, com tanta angústia guardada em um corpo tão pequeno, escondida em um perfil fake com nariz de palhaço.

Tirou a máscara, o nariz e me contou das suas lágrimas discretas com vergonha de cair. Tive vontade de secá-las e dizer pra passarinha que tanta liberdade também pode ser uma prisão, mas preferi ficar quietinha observando aquela dor tão doce que quase encostava  em meu colo.

Depois de um silêncio confortante entendi que ela só precisava de um carinho, de um toque, de um cuidado.

Era apenas uma menina com seus 20 e poucos medos da solidão.
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miau

Acordei com ela sobre as minhas costas.
Apertou, apertou, apertou, ronronou muito baixinho e esfregou o rosto no meu.
É, acordei.
Levantei assim, meio aos tropeços, ainda na semi-embriaguez da noite passada. Porque uma vez que você fica bêbada, muito bêbada, extremamente bêbada, todos os outros porres que você toma e não te deixam do mesmo estado, é semi-embriaguez. Só semi-embriaguez. E você sempre acorda no dia seguinte com a sensação que deveria ter bebido mais.
Eu acordei assim. Tropeçando.
Abri a porta do quarto. Ela saiu. Voltei pra cama.
Exatos três minutos depois, ela pediu pra entrar. Tropecei até a porta outra vez.
Abri a janela (vai que resolve). Me cobri de novo.
Ela voltou pras minhas costas. Ignorei.
Então ela decidiu vasculhar o meu caos. Eu me virei na cama, pra acompanhar.
Subiu no gabinete do meu computador (no chão). Derrubou o meu mp3 (de propósito e sobre o computador). Pulou pra mesinha da impressora (entre os livros). Andou pela escrivaninha (ainda entre os livros). E voltou pra minha cama (minhas costas outra vez).
Então decidiu que a janela que eu tinha aberto antes era uma ótima ideia e eu descobri que não devia ter aberto janela nenhuma.
Quando ela saiu, eu tentei voltar a dormir. Mas esse texto não saía da minha cabeça... Porque agora eu estou numas de achar que sei escrever.
E a única coisa que eu consigo pensar é: quando foi que eu me apaixonei desse jeito?
sábado, 17 de setembro de 2011 0 comentários

Ciências exatas

Você diz que eu sou pura literatura e que literatura não combina com toda a sua matemática.
Diz que somos muito diferentes e que por isso a gente não consegue se entender. Eu concordo contigo, a gente não consegue se entender.
Mas faz tanto tempo que a gente não se entende que eu simplesmente não sei mais viver sem você. Então eu fico assim, perdida e sozinha no meio dessa estrada enorme: Meio minha e muito sua.
Gritando pra tentar te fazer entender que talvez eu possa aprender a escrever poesia usando os seus amados números.
terça-feira, 13 de setembro de 2011 0 comentários

Eu sou homem




            Eu não tenho frescura, não tenho mais de dez pares de sapato e falo
            palavrão - freqüentemente. Sou desbocada. Mato as baratas da minha
            casa e tento arrumar as coisas que estragam. Eu admito mentira e
            traição, desde que eu nunca saiba a verdade.

            Quando eu não namorava, saía com quem me desse vontade e fazia o que
            desse vontade. Esse negócio de "joguinho feminino" é coisa estúpida:
            você quer ou não quer, e acabou-se. Por isso, transar ou não transar
            no primeiro encontro é dilema de mulher.

            Não acho que dar o cu é problema existencial e acredito em sexo sem
            amor. E tenho tesão por tesão, faço sexo sem compromisso. Eu arroto,
            eu peido e faço cocô, ao contrário de mocinhas bonitinhas que negam
            veementemente visitarem o banheiro para fazer um número dois. E
            odeio fazer compras.

            Não tenho ciúme, não fico imaginando se sou traída ou não. Se alguém
            não me quer, descubro alguém que queira sem ficar perdendo tempo,
            seguindo a velha máxima "quem não me ama não me merece". Curo
            depressão com vodka, amigos e uns beijos na boca (e talvez um
            pouco mais).

            Ser prático é coisa de homem. Ser enrolada é coisa de mulher. Tanto
            que nunca se vê homem fazendo cu doce.


            Tá, eu também sou mulher. Tenho TPM, choro (MUITO)em filmes, não sou lá
            muito fã de futebol, gosto de colo, essas coisas todas. Mas ser
            mulher, definitivamente, é complicado demais para mim...
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goodnight, little baby.

E aí está você, citando gente que nunca leu, ouvindo músicas que não entende, ovacionando o que é comum e “normal”.
E aí está você, criticando culturas que não conhece, fazendo piadas do que é realmente sério e brincando de ser meio idiota.
E aí está você, batendo no peito pra falar que seus pais ainda te sustentam, batendo no peito pra falar que bebe o dinheiro que não tem e desperdiçando o tempo precioso que te deram pra ser alguém na vida.
E aí está você, andando como os outros, pensando como os outros, sendo o que são os outros.
E aí está você, com medo do que a sua turma de amigos vai pensar, com medo do que a filha da vizinha vai falar, com medo do que o papai pode te tirar.
E aí está você, desmerecendo o valor que todo ser humano possui só pelo fato de existir, julgando gestos e atitudes que você pode encontrar aí dentro, dentro dessa consciência que é tão madura quanto você.
E aí está você, citando gente que nunca leu, ouvindo músicas que não entende, ovacionando o que é ordinário.
Boa noite, juventude brasileira, futuro da nação.
Durma bem.
 
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